Rebentou a bolha

Pois é!
Rebentou a bolha...
O que eu tanto temia, na mesma porpoção que ansiava, está neste momento a acontecer e o pior é que não há solução.
Haver, há. Eu é que não tenho como alcançar essa solução. Estou perdida!
O sonho de abrir um negócio, concretizou-se. Abri a frutaria com a minha sócia.
Quando comecei a ver que as coisas não ìam bem, comecei a falar e a dizer: 'Não pode ser!'.
Mas a minha sócia dizia que eu é que estava mal, eu é que estava enganada. Ela dizia:'temos que investir.' E eu sempre recusei porque não podia ser e também não tinha para investir.
Era só gastar... Amanhã logo se via...E agora estamos a ver. Claro, que a culpa também é minha! Eu sei disso, eu não me devia ter calado, eu não devia ter deixado as coisas avançarem. Mas, o meu feitio é assim. Não quis continuar a ser a má da fita.
Claro que uma loja não ter lucro nos primeiros anos é normal. Mas uma loja não se sustentar sozinha, não é normal.
Mas, eu é que estava errada.
Estava, estava! Vemos agora o resultado.
Dividas, dividas e mais dividas.
E o pior é que nem dá para aguentar mais, portanto ao fecharmos antes dos 4 anos, como o Centro de Emprego obriga, para além de todas as dividas, ainda temos de lhes pagar a eles.
Não é brincadeira! São praticamente 100 mil euros que precisamos, para conseguir resolver a situação. E pior, no prazo de um mês.
Nos primeiros meses em que abrimos, eu estava feliz. Mas a minha felicidade durou pouco. Cedo comecei a perceber.
Estou em risco de ficar sem casa e sem carro. E o pior é que nem a perder essas coisas a situação fica resolvida, e ainda me cria outro problema. A casa ainda não está paga, portanto o valor nem dá para pagar a divida que fica.
Já não aguento, cartas de advogados todos os dias, cartas de execuções fiscais todos os dias...E nem posso dizer que dou um x por mês, porque ninguém aceita valores pequenos, querem logo tudo e isso eu não consigo. Nem eu, nem a S.
Estou completamente desesperada!
Preciso de encontrar um emprego, mas enquanto ainda tiver na loja também não posso.
Vou trabalhar o resto da vida para pagar esta asneira.
Tenho pena do meu filho, não vou poder dar-lhe uma vida digna. Enquanto conseguir vou continuar a dar-lhe o meu amor, mas, não sei por quanto tempo consigo. A minha cabeça há muito que não está bem. E de dia para dia pioro.
Que merda de feitio o meu. Calo-me sempre para evitar discussões, e agora estou lá embaixo no buraco.
Numa situação que nunca me imaginei. Porque ao contrário da S, eu sempre honrei as minhas contas. E sempre que recebia o ordenado, primeiro pagava todas as despesas e obrigações. Nunca comprei nada a prestações, sem ser a casa e o carro.
Já ela, comecei a aperceber-me depois (tarde demais), que primeiro gasta e depois é que vê o que sobra para as contas. Comecei por perceber que cortarem o gás, ou a água ou a luz para ela isso é super normal...E gastar o dinheiro dessas contas em roupas, em ouros, em porcarias superfluas é super normal!!!!
Não minha amiga, não é nada normal, e se me tivesses ouvido e não tivesses sido arrogante talvez hoje não estivessemos neste buraco.
Fui burra! Muito burra...
Não sei o que fazer à minha vida...Apetece-me refugiar num lugar isolado e sair de lá quando a tempestade passar. Mas não posso cruzar os braços, mas também não sei o que fazer para não os ter cruzados... E o tempo foge, foge muito rápido!

Obrigada por me lerem...