terça-feira, 8 de maio de 2012

16 de Março de 2012

Já passaram 1 mês e mais ou menos 22 dias. Este foi um dia duro!
Começou mal logo pela manhã.
Voltando muitoooos dias atrás, sensivelmente 1 ano, conheci na minha loja uma senhora, a Hortense. Uma senhora com um grande coração, com um grande sorriso. Mas com uns olhos tristes. Tristes e cansados. Cansados, porque infelizmente, a Hortense tinha um Cancro. Um malfadado cancro. Ela já tinha recuperado, e nos últimos meses ela estava tão feliz, porque as suas análises estavam finalmente normais. Até nos prometeu que ía fazer um almoço, porque gostava de cozinhar. Mas durante um tempo, ela não deu noticias... Não sei explicar, mas o meu coração sentia-se apertado cada vez que pensava nela. Até que as últimas vezes que foi à loja (umas 3), já não saía do carro. De repente o malfadado tinha voltado... E a felicidade que ela antes sentiu, tinha-se ido embora, o sorriso forçado continuava lindo...mas estava triste. Eu ía sempre ter com ela ao carro, mas deixava-a sempre triste a ela e a mim. Não conseguia segurar as minhas lágrimas. Parece que sabia!
A Hortense acabou por ter que ser internada e não saiu mais de lá. Até que na 6ª de manhã, dia 16 de Março de 2012, eu li um poema no Facebook de uma das filhas:
 
Poema sobre a Família

Na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu, depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
...
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas


Eu li o poema, e achei uma certa piada...Porque tinha mesmo a ver com elas, excepto da parte da mãe viúva...porque era a Hortense quem estava doente. Estava!? Não, não estava mais... 15 minutos depois, parava um carro do outro lado da rua, de lá saíam as gêmeas, duas das filhas da Hortense. Eu pensava para mim que não, não podia ser verdade. E assim que elas entraram, saiu a pergunta: 'Olá! Então e a mãe? Está bem?' Que pergunta?! Estará?! A resposta surgiu em forma de lágrimas.
Eu adorava, eu adoro a Hortense! Tinha-a para mim como alguém da minha familia. Foi um golpe muito duro! Chorei todo o dia...por dentro, e 'para' fora...
À noite, lá tive que ir ás compras para a loja. Na saída, temos que passar por uma portagem. O rapaz que lá trabalha, nesse dia resolveu dirigir-me a palavra: 'É incrivel como você está sempre com um sorriso!'... Naquele dia, gostei de ouvir aquelas palavras. Mas fiquei a pensar nelas, e fiquei danada!
Sim, danada. Está a passar um tornado na minha vida, não posso fazer nada e ainda tenho que ficar a assistir de camarote o meu próprio desmoronamento. Mas, as pessoas olham para mim e acham que está tudo bem na minha vida! Como hei-de explicar? A minha opinião é que: eu posso não estar bem, mas ninguém tem nada a ver com isso se não forem a razão do meu mal-estar. Porque não hei-de dar o meu sorriso, e eu gosto. Mas a verdade é que parece que isso causa inveja nas pessoas. Não estou a falar do portageiro, falo mesmo de outras pessoas. Bem, isto já é um pau de dois bicos..vou deixar esta parte para depois...tenho de ir fazer o jantar e já não tenho muito tempo.
Até um dia Hortense, espero que conheças a minha mãe e que gostem uma da outra...Ainda é duro falar na Hortense. E ainda me perguntou, como é possível uma pessoa que eu conhecia há pouco tempo e me marcou tanto. Um grande beijinho!

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